Analistas comentam rumores sobre iPhone de 2.300 € após tarifas de Trump
Especialistas apresentam uma perspetiva equilibrada sobre possível aumento do preço do iPhone

Donald Trump anunciou planos para a implementação de novas tarifas alfandegárias abrangentes sobre o comércio internacional, o que poderá ter um impacto significativo no sector tecnológico. Alguns especialistas preveem que estas tarifas poderão levar a um aumento dramático nos preços dos smartphones, com projeções a sugerir que um iPhone topo de gama poderá vir a custar até 2.300 €.
As tarifas propostas, reveladas a 3 de abril, aplicam-se a importações provenientes de uma vasta gama de países, incluindo parceiros comerciais importantes como o Canadá, a União Europeia, a China e o Vietname.
Tanto analistas do setor tecnológico como consumidores estão atentos a estes desenvolvimentos, já que o potencial aumento de preços e as perturbações nas cadeias de abastecimento estão a gerar grande discussão online e nos meios de comunicação.
De acordo com projeções de analistas financeiros, o valor estimado de 2.300 € deverá aplicar-se a modelos de smartphones de topo, como aqueles com a máxima capacidade de armazenamento. Para que este aumento acentuado se concretize, os fabricantes teriam de repercutir integralmente o custo da tarifa proposta de 54% sobre importações chinesas diretamente nos consumidores.
Embora alguns smartphones sejam produzidos noutros países, como o Vietname e a Índia, estas nações também enfrentam novas tarifas — 46% para o Vietname e 26% para a Índia. Isto significa que o aumento dos preços poderá afetar uma vasta gama de dispositivos, não apenas os fabricados na China.

O que dizem os especialistas do sector sobre a realidade do mercado
Os preços do iPhone estão prestes a disparar? Falámos com especialistas do sector para obter uma perspetiva clara sobre possíveis alterações nos preços.
Kate Leaman, principal analista de mercados, explica: “A ideia de um iPhone a €2.300 faz manchetes, mas é mais um cenário extremo do que uma probabilidade real. Embora uma tarifa de 54% sobre um iPhone 16 Pro Max de €1.599 possa tecnicamente elevar o preço de venda acima dos €2.400, é improvável que todo esse custo seja repassado ao consumidor.”
Acrescenta ainda: “A Apple costuma absorver 10-15% destes aumentos de custos através de margens de lucro mais apertadas e maior eficiência na cadeia de abastecimento. Por isso, os aumentos efetivos de preço podem situar-se mais próximo dos 20-25%. Assim, os modelos de iPhone mais caros poderão chegar aos €1.900 até ao final do ano.”
Leaman salienta também que o investimento significativo da Apple nos EUA pode influenciar a estratégia da empresa: “A Apple já está a transferir parte da produção para a Índia e para o Vietname e, com um investimento de 500 mil milhões de dólares nos EUA, espera-se que pressione para obter isenções ao ‘Made in America’. Portanto, embora um iPhone a €2.300 possa acontecer, não é o cenário mais provável.”
Nick Rakovsky, CEO da DataDocks, partilha uma visão semelhante, considerando improvável a hipótese de um iPhone a €2.300. Explica: “A menos que haja uma inflação generalizada, a Apple tem todas as razões para evitar repassar um aumento de custos tão grande diretamente aos consumidores.”
Rakovsky continua: “Todas as empresas vão sentir algum impacto destas novas tarifas, incluindo a Apple. A questão fundamental é a capacidade de cada empresa se adaptar. A Apple, tal como outras grandes tecnológicas, tem vindo a diversificar a sua cadeia de abastecimento há anos para a tornar mais resiliente.”
Refere ainda que a Apple está focada em manter a sua quota de mercado e reputação da marca, acrescentando: “Tudo se resume à estratégia de preços, e a Apple é exímia nesta área.”
O conhecido analista tecnológico Ming-Chi Kuo acrescenta à discussão, destacando numa publicação recente que “85-90% do hardware da Apple é montado na China.”
Atualmente, a China enfrenta as tarifas mais elevadas, de 54%, e Kuo sugere que é pouco provável que esta taxa venha a ser negociada em baixa. Observa: “A Índia e o Vietname têm muito mais probabilidades do que a China de conseguir isenções tarifárias nos EUA. Embora o calendário seja incerto, esta mudança aceleraria a aposta da Apple em montar mais produtos fora da China para dar resposta à procura nos EUA.”
Kuo refere ainda que os consumidores de topo poderão estar mais dispostos a aceitar aumentos de preço em dispositivos premium.
O veredicto: o que os resultados significam para si
De um modo geral, vários analistas indicam que, embora seja possível um aumento no preço do iPhone, a cadeia de fornecimento eficiente da Apple e a sua disposição para aceitar margens de lucro mais baixas podem ajudar a proteger os consumidores do impacto total das tarifas.
Assim, a ideia de um iPhone a €2 300 parece improvável neste momento.
Muitos outros dispositivos da Apple e de outros fabricantes são produzidos em países afectados por tarifas, mas há atualmente pouca análise sobre como estas alterações poderão influenciar os preços desses produtos.
Se quiser saber mais sobre os modelos mais recentes, consulte a nossa análise completa ao iPhone 16 Pro Max e o nosso guia dos melhores iPhones. Mantenha-se actualizado com as últimas novidades sobre iPhones através da nossa cobertura dedicada.